
Outro dia eu estava a lendo a Piaui (edição 23. Concedida gentilmente Por Carlos Couto ^^), e meu queixou foi caindo gradativamente enquanto lia a reportagem "Aberração Alada - Os congestionamentos de São Paulo sobem aos céus, fazendo da cidade um caso único no mundo", que se trata de uma reportagem sobre o caos que se instalou na cidade de São Paulo com o grande número de helicópteros sobrevoando a cidade.
Quem já foi a São Paulo de Avião, perdeu a conta (eu pelo manos não consegui contar...) de quantos prédios possuem heliporto. Mas eu não vim falar dos problemas do caos aéreo, nem da minha indignação com o quem os donos dos helicopteros acham que são, mas sim de um problema tão discutido e cada vez mais visivel: a desigualdade social.
Vamos aos números:
"Direto da fábrica, o mais barato é o Robinson R22, ele custa 300 mil dólares."
"Na outra ponta estão modelos que custam mais que uma Mega-Sena: 13 milhões de dólares. Nessa faixa está o usado pela família real britânica, o S76 C++, da americana Sikorsky" ("Há apenas quatro Sikorsky executivos no Brasil. Um deles pertence ao estado de São Paulo e é usado pelo governador José Serra.").
Em Sampa já existem " 600 helicópteros em detrimento de 10 milhões de habitantes"
"Os custos de manutenção de um helicóptero podem chegar a 1 milhão de reais ao ano, somando o aluguel do hangar, o preço do combustível (150% mais caro que o dos automóveis), as revisões periódicas, o seguro e o salário do piloto, que varia de 4 mil a 20 mil reais por mês."
É ou não é de cair o queixo? Enquanto tantos anseiam por um almoço descente para sua familia, existem pessoas (e governos) gastando mais (bem mais) de 15 milhões [13 milhões (helicóptero) + 1 milhão (manutenção) + combustivel (nem mencionado!) + 240 mil (salario do piloto 20 mil x 12) + revisões periodicas... ].
O que me deixou pensando: O fato de eu ter dinheiro me da a liberdade de gasta-lo assim? Para mero luxo? Para me mostrar?
Um dos entrevistados disse: "Helicóptero não é luxo nem coisa de rico, é uma ferramenta de trabalho", afirmou. "Sem ele, demoro uma hora e meia para chegar na Fiesp. Ida e volta, são três horas num dia de trabalho de oito horas. É só fazer as contas e ver o prejuízo que eu levo ficando parado no trânsito."
Mas pera ai! Eu moro na zona sul de Porto Alegre, trabalho na zona norte (pego 2 onibus pro trabalho), estudo na zona leste (1 onibus do trabalho pra facul e dois da facul pra casa). São mais ou menos 3 horas de onibus também. E eu sobrevivo neh?
Claro que se eu pudesse eu teria minha moto, diminuindo provalemente para 1h30min meu tempo em trânsito. Eu não prego a falta de ambição! Pelo contrario! Acredito que todos temos que desejar e lutar por uma vida melhor sempre. Mas é indignante que pessoas que chegaram la olhem tão somente pro seu próprio umbigo, não vendo a realidade em que vivem, por estar tão longe do chão.